Desmistificação do work engagement, workaholism & burnout

É comum ouvirmos a expressão “sou um autêntico workaholic”, mas será que este vício no trabalho é algo positivo? Recentemente, os temas de burnout e saúde mental no trabalho, têm sido cada vez mais debatidos. Neste artigo são abordados e explicados alguns conceitos que nos ajudam a entender melhor os fenómenos que relacionam a pessoa com o trabalho. Vamos entender um pouco dos conceitos de work engagement, workaholism e burnout, tendo em conta a investigação que tem sido desenvolvida.

Definições e a relação com burnout

O burnout é uma reação a um stress ocupacional continuado, onde não existe tempos de qualidade para recuperação do trabalho, e é caracterizado por uma exaustão emocional, atitudes negativas em relação ao trabalho e tendência para avaliar o trabalho de forma negativa. Este estado afeta a saúde mental e física podendo ser desenvolvidos distúrbios no sono, depressão, doenças cardiovasculares, ansiedade e infeções.

O workaholism é uma compulsão para trabalhar muito e que traz consequências negativas para a saúde da pessoa. Um workaholic é normalmente uma pessoa que trabalha para ir além das metas que são pedidas, sendo que a sua motivação é normalmente externa, por exemplo, trabalhar em função de ameaças, punição, desaprovação ou aprovação pelos outros. São também indivíduos que normalmente atribuem uma grande dimensão ao trabalho na sua vida e que o vêm como algo que pode aumentar a sua autoestima. Habitualmente um workaholic tem dificuldade de relacionamento interpessoal fora do contexto de trabalho. Estes fatores estão fortemente ligados ao desenvolvimento de burnout.

Por outro lado, temos o work engagement, que é um estado positivo e satisfatório que o trabalhador tem em relação ao seu trabalho. Semelhante ao workaholism, no engagement é comum as pessoas trabalharem muito além do que é pedido, no entanto, trabalham porque gostam e se sentem realizadas a fazê-lo. A sua motivação é assim interna o que faz com que sejam maiores os níveis de energia e resiliência. Alguém com work engagement não negligencia a sua vida pessoal, antes pelo contrário, investe tempo a socializar, realizar hobbies ou a fazer voluntariado. Estes tipos de atividades são importantes para recuperar do stress causado pelo trabalho. Estes fatores levam a que o work engagement seja um estado oposto ao burnout, e o aumento deste estado nos colaboradores, irá diminuir a incidência de burnout.

Tanto o work engagement como o workaholism são caracterizados por pessoas que trabalham em grande quantidade, mas terão a mesma performance? A resposta é simples, não. Foi estudado e comprovado que um workaholic, mesmo trabalhando muito, não tem normalmente uma alta performance, mas o oposto acontece no engagement.

Work engagement, bem-estar e o trabalho

A experiência de engagement tem vantagens para a organização onde os indivíduos trabalham e para os próprios trabalhadores pois afeta várias dimensões da sua vida pessoal. Além da performance, como vimos, o bem-estar pessoal é também uma característica de alguém que experiencia este estado. O work engagement prediz um melhor nível de saúde, quer a nível psicológico, quer a nível físico, uma maior satisfação com a vida, quer a nível do trabalho, quer a nível da família e também prediz uma reduzida frequência de ausência ao trabalho devido a doença.

A organizações tem assim um papel importante na promoção de work engagement dos seus colaboradores, caso queiram ter melhores resultados. A investigação mostra-nos que os seguintes fatores são importantes nesta tarefa.

1. Autonomia no trabalho e recursos organizacionais como a formação e tecnologia, que removem obstáculos para realizar o trabalho.

2. Um clima organizacional positivo que incentiva o crescimento e desenvolvimento do trabalhador.

3. Controlo sobre o trabalho, feedback, apoio social e oportunidades de aprendizagem.

O work engagement e personalidade

Para além do papel das dimensões descritas, as características do próprio indivíduo, podem ser um fator determinante no desenvolvimento do estado de engagement no trabalho. Têm sido realizadas investigações que mostram uma relação entre a personalidade do indivíduo e o work engagement. Foi mostrado que indivíduos com personalidade proativa, ou seja, indivíduos que têm uma tendência para agir no sentido de modificar o ambiente à sua volta, têm mais probabilidade de se moldar e influenciar o seu ambiente de trabalho o que faz que se sintam mais engaged no seu trabalho o que por sua vez irá predizer uma melhor performance.

A capacidade de persistência, confiabilidade e organização, é normalmente um preditor de engagement na maioria das profissões e a extroversão mostrou-se um preditor em ocupações que exigiam a interação com outros.

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